quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Plantações Geneticamente Modificadas Recebem a Benção do Vaticano


Por Ewen Callaway


Papa Bento XVI (cortesia da Wikimedia Commons)



A Igreja Católica descobriu-se do lado errado da ciência quando condenou o Universo Heliocêntrico de Galileu em 1616, fato pelo qual se desculpou 380 anos depois. Será que esse fato estava na mente da Pontifícia Academia das Ciências quando da publicação, nesta semana, de uma declaração de 15 páginas dando sua bênção às plantações geneticamente modificadas (GM)?
Talvez não, mas o relatório da Academia claramente mostra a engenharia genética (EG) como uma aplicação benéfica de ciência e tecnologia, com poucas objeções. “Não há nada intrínseco ao uso de tecnologias de EG para a melhoria de plantações que tornaria as plantas em si, ou os produtos alimentícios resultantes, perigosos”, afirma a declaração.
A declaração foi resultado de uma reunião da Pontifícia Academia das Ciências em maio de 2009. É uma continuação de um documento publicado em 2000 que também saiu em favor de plantações GM, apesar de temporário. Desde então, pesquisas revisadas por especialistas e experiências com o plantio GM tornou esse tipo de plantação ainda mais interessante, de acordo com a Academia.
Plantações GM, como o milho resistente a insetos, resultaram em mais produtos e menos uso de pesticida; uma bênção para os fazendeiros pobres. Plantações como as de Arroz Dourado, que é fortificado com precursores da vitamina A, podem auxiliar a combater a deficiência desse nutriente. Enquanto isso, plantações resistentes a secas e inundações podem ajudar a lidar com as mudanças trazidas pelo aquecimento global, observa a declaração.
A Academia também criticou a “regulação excessiva, não-científica” de plantações GM e pediu aos países para “padronizar” e “racionalizar” o processo de aprovação de novas variedades de plantio. A declaração também pediu para que se repense o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, que permite aos países banir a importação de produtos GM sob certas condições.
A declaração, apoiada pelos sete membros da Pontifícia Academia das Ciências, bem como por 33 outros cientistas presentes na reunião, também se livra da preocupação de que as plantações GM sejam o mesmo que brincar de você-sabe-quem: “[N]ovas formas de intervenção humana no mundo natural não deveriam ser vistas como contrárias à lei natural que Deus deu à Criação”, diz o documento.



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