quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Nenhum Buraco Negro no Grande Colisor de Hádrons


Atualização provavelmente será atrasada para capturar a partícula de Higgs

Por Geoff Brumfiel

Fonte: Nature




Nada de buracos negros por aqui: o Solenóide Compacto de Múons. (Crédito da imagem: M. Brice/CERN)

O fim do mundo não está próximo, afinal. Frustrando as previsões de alguns teóricos, buracos negros microscópicos até agora não apareceram dentro do Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), revelaram alguns de seus cientistas.
O resultado, que será postado nesta semana no arXiv.org, surge no mesmo momento em que os pesquisadores fazem planos para manter o LHC funcionando até o final de 2012, e não de 2011 como anteriormente programado. O colisor de 27 quilômetros do laboratório de Física de Partículas CERN, próximo de Genebra, na Suíça, já suportou atrasos e um acidente que o paralisou, antes de finalmente entrar em funcionamento no final de 2009 e os físicos agora dizem que a máquina está operando acima das expectativas.
As previsões de que mini-buracos-negros se formariam em energias de colisão de alguns teraeletronvolts (TeV) eram baseadas em teorias que consideram os efeitos gravitacionais de dimensões extras de espaço. Apesar de se esperar que os buracos evaporassem rapidamente, alguns sugeriram que eles poderiam se sustentar tempo o bastante para consumir o planeta. Mas os cientistas do detector Solenóide Compacto de Múons (CMS, na sigla em inglês) afirmam que não encontraram sinais de mini-buracos-negros em energias de 3,5 a 4,5 TeV. O físico Guido Tonelli, porta-voz do detector, calcula que por volta do final de sua última operação o LHC esteja pronto para excluir a criação de buracos negros quase completamente.
A descoberta é apenas uma de uma torrente de artigos recentes saídos do LHC, que foi possível pelo inesperado alto desempenho da máquina. “Ficamos surpresos com o quão bem a máquina se comportou quando nós começamos a levá-la ao limite”, comemora Steve Myers, o físico do CERN que supervisionou as operações do LHC este ano. Como conseqüência, os físicos estão cada vez mais otimistas em relação ao fato de serem capazes de detectarem o elusivo bóson de Higgs mais cedo do que se esperava. Acredita-se que a partícula, que é o desafio mais bem conhecido do LHC, e o campo a ela associado confiram massa às demais partículas.
Inicialmente, os físicos não tinham certeza sobre o LHC ser capaz de criar e detectar o Higgs com as energias atuais da máquina e os administradores do CERN haviam planejado um hiato de 15 meses a partir do início de 2012 para uma atualização que permitira ao colisor funcionar a energias mais altas. No entanto, um consenso crescente afirma que mesmo sem a atualização, o LHC será capaz de explorar a maior parte do espectro energético no qual uma partícula de Higgs padrão pode ser encontrada. Sergio Bertolucci, diretor de pesquisa e computação do CERN, adiciona que também há razões políticas para prolongar o funcionamento da máquina. O segundo maior acelerador de partículas do mundo, o Tevatron do Fermilab em Batavia, no estado americano de Illinois, está mordendo os calcanhares do LHC enquanto acumula cada vez mais dados em sua própria caçada ao Higgs. Além disso, o provável sucesso do LHC poderá influenciar os planos europeus para a Física de Altas Energias, bem como para um plano global para a próxima geração de aceleradores lineares. Ambos enfrentarão grandes decisões orçamentárias nos próximos anos.
O plano para extender o funcionamento do LHC será discutido em uma reunião de administradores do LHC em Chamonix, na França, no final de janeiro, com uma decisão final sendo esperada pouco depois.


Nenhum comentário:

Postar um comentário