quarta-feira, 27 de abril de 2011

O LHC encontrou uma pista do Higgs?

Fonte: New Scientist 
Por David Shiga, repórter 

(Créditos da Imagem: ATLAS Experiment © 2011 CERN)


Os blogs dos físicos estão cheios de conversas sobre um possível sinal do bóson de Higgs – ou talvez de uma partícula completamente inesperada – nos dados do Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) próximo de Genebra, na Suíça. No entanto, essa alegação ainda não passou pelo processo de avaliação e pode facilmente estar errada, observam os cientistas.
O LHC, que esmaga feixes de prótons uns contra os outros, foi construído principalmente com a esperança de capturar a primeira evidência observacional do Higgs, que, supõe-se, dota as demais partículas de massa. O Higgs é a última partícula a ser descoberta no modelo padrão da física de partículas, que reina supremo há três décadas explicando como as partículas e forças interagem.
Os últimos rumores sobre sua possível observação vêm de um resumo que foi postado por um comentário anônimo no blog do matemático Peter Woid, na quinta-feira.
O resumo parece ser parte de um artigo mais longo, escrito por quatro físicos envolvidos no detector ATLAS, do LHC, apesar de o artigo completo ainda não ter sido postado publicamente.
Os autores do resumo dizem que os dados do ATLAS mostram mais pares de fótons do que o esperado com uma energia de 115GeV.
Esse número é interessante porque muitos físicos acreditam que o bósons de Higgs provavelmente tem uma massa de cerca de 115GeV – pelo menos se a supersimetria, uma popular teoria que amarra algumas das pontas soltas do modelo padrão, estiver correta. (Os físicos geralmente usam unidades de energia para descrever a massa das partículas, uma vez que elas estão relacionadas de acordo com a fórmula de Einstein E=mc²).
O Higgs ocasionalmente deveria decair em um par de fótons, o que produziria um “caroço” na distribuição energética desse par de fótons. Mas se o Higgs têm as propriedades previstas pelo modelo padrão, esse caroço deveria ser pequeno demais para ser visto. O caroço alegado no resumo é 30 vezes maior do que o valor esperado.
O blog Résonaances do físico Adam Falkowski tem uma boa análise das possíveis explicações para o sinal. Os bloggers e físicos Tommaso Dorigo e Lubos Motl também têm discussões interessantes.
O consenso parece ser de que o dito artigo é real, e não algum tipo de boato, mas o resultado pode muito bem estar errado.
No entanto, é possível que o Higgs simplesmente se comporte de uma maneira diferente da esperada. Os físicos têm sonhado com muitas maneiras de estender o modelo padrão de modo a modificar as propriedades do Higgs. Algumas dessas maneiras aumentariam o tamanho do caroço do par de fótons, apesar de que torná-lo grande o suficiente ainda parece ser forçado.
Ou talvez o caroço possa ser de alguma nova partícula inesperada, e não do Higgs.
No entanto, talvez a explicação mais provável seja que esse caroço seja um erro. Colisões de partículas são confusas e é necessária uma análise muito cuidadosa para separar anomalias de eventos de fundo mundanos. Um erro durante o percurso pode fazer um caroço que não está lá de verdade, aparecer.
Vale a pena notar que a alegação ainda está em um estágio inicial. Aparentemente o artigo ainda não foi revisado ou recomendado pela equipe do ATLAS, uma organização com centenas de físicos que controla o detector.
Em comparação, a aparição a 145 GeV vista recentemente em um tipo diferente de medida no colisor Tevatron, do Fermilab em Batavia, no estado de Illinois, tem o apoio da equipe que controla o experimento CDF no qual o resultado foi baseado.
Mesmo se o caroço de 115GeV desaparecer, as chances de o LHC produzir mais resultados interessantes em breve são boas. O CERN reporta hoje que o LHC quebrou o recorde de feixes mais intensos de partículas em colisão, roubando o título do Tevatron. O LHC já havia quebrado o recorde de energia de colisão, mas agora ele também tem a mais alta taxa de colisões de partículas por segundo, o que deve acelerar novas descobertas.

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